Após tanto tempo vivendo em função das vontades e regras da vida dos outros, era necessário um basta. Parar para lembrar qual era o seu filme favorito, qual comida lhe apetecia ou quais eram seus desejos para o futuro.
Se colocar como prioridade, aprender a apreciar sua própria companhia e se conhecer melhor foram às primeiras metas estabelecidas nessa caminhada de autoconhecimento. Sempre um passo de cada vez, absorvendo aos poucos a sensação de liberdade recém-adquirida.
Voltou a sair, começou a frequentar aqueles lugares que sentia curiosidade em conhecer, experimentou, viajou. Conheceu novas pessoas e criou laços, alguns tão intensamente receptivos e positivos que lhe deram a força necessária para seguir em frente. Parou de se lamentar pelo passado e se permitiu viver, sentir e fazer acontecer todas as suas vontades, por mais bobas que fossem. Aprendeu, inclusive, a dizer não. Entendeu qual era a hora certa de entrar e sair de uma situação, se respeitou. Assim, sentiu suas risadas mais sinceras e o seu peito ganhou uma leveza que há muito tempo não se encontrava.
Está voltando a ser feliz, contente com as suas mudanças e se sentindo corajosa por não permitir que o medo lhe roubasse as boas memórias que adquiriu desde então. Cheia de planos ela segue, com apenas uma certeza: A de deixar o seu coração livre para as boas surpresas que só o acaso pode lhe proporcionar.
Maria Clara Almeida